quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Inspiração...

Muitas vezes foi perguntado a diversos escritores onde eles vão buscar as suas ideias. Uns dizem que as ideias são como um bloco de mármore que apenas precisam de ir trabalhando até que a ideia se revele perante eles. Outros atestam a existência de uma fonte comum onde todos os escritores vão buscar as suas ideias.
Eu não me considero um escritor. Escrevo, é verdade, mas o que escrevo é mais para mim que para os outros. As minhas ideias podem vir dos mais variados lugares. Um desenho que vi, uma música que ouvi, até, um livro que li. Tudo tem uma história para contar. Por vezes essa história já foi contada mas sentimos a necessidade de contar algo mais. Outras vezes somos atingidos por flashes que nos fazem contar algo.
O que se segue é apenas uma das ideias onde se podem ir buscar as ideias...
Espero que gostem de ler esta história como eu me 'diverti' a escrevê-la.
Quanto a mim vou em busca de inspiração....



"- Pára! – Disse o homem. – Não te adianta fugir... – a sua voz era calma enquanto corria atrás dela. – Podes correr o quanto quiseres... Podes esconder-te onde te apetecer... Mas mais cedo ou mais tarde vais ter que parar ou sair do teu esconderijo e sabes que mais? Quando o fizeres eu vou estar lá à tua espera."


Isto era tudo o que Harry Donovan tinha escrito do seu novo romance policial.
Após um sucesso astronómico com o seu primeiro livro, intitulado “Noites Sangrentas” no qual um polícia com dupla personalidade se perseguia a si mesmo por o assassinato de três mulheres em Nova Iorque, o seu editor tinha insistido para que Harry produzisse um novo best-seller.
Harry argumentou, tanto ao seu editor como em diversas entrevistas e outras tantas conversas informais em festas, que precisava de tempo para se afastar do perfil psicológico do ‘herói’ do seu livro anterior e para recuperar as forças depois de lidar com um carácter tão forte como o do Detective Andrew Stevens.
Tudo isso se tinha passado à mais de seis meses e este paragrafo tinha sido o melhor que tinha conseguido escrever. Na verdade tinha sido tudo o que ele tinha escrito desde essa altura.
Tinha acordado numa noite chuvosa há três meses com essa imagem na cabeça. Um beco mal iluminado, um homem alto de gabardine castanha proferindo essas palavras, uma mulher escondida nas sombras. Levantou-se de imediato e dirigiu-se ao computador onde digitou furiosamente essas palavras. E depois mais nada.
Todos os dias ligava o processador de texto e sentava-se a olhar para a página em branco tirando essas quatro linhas, com uma chávena de chá na mão. Observava o cursor da barra de digitação a piscar durante horas. Depois, num ataque de fúria calma, levantava-se e desligando o computador saía de casa para voltar já tarde na noite. Ás vezes bebia outras não mas voltava sempre pior do que tinha saído.
Quando o seu editor ligava, dizia-lhe que o livro era um trabalho em progresso e que em breve teria algo para ele. Nesses dias bebia sempre.
Harry tinha passado mais um dia a olhar para o ecrã. Como em todos os outros dias dos últimos meses levantou-se para sair. Olhou pela janela e viu os ramos das árvores na rua abanarem com o vento.
Pegou na gabardine pendurada atrás da porta e saiu para a rua dirigindo-se ao seu bar preferido.
Ao fim de 20 minutos estava no bar, a caminhada era longa mas aclarava-lhe sempre as ideias, e Harry esperava que lhe trouxesse ideias de como continuar o livro. Era a sua maneira de relaxar.
No bar, pediu uma cerveja e um hambúrguer ao balcão e sentou-se numa mesa ao fundo do bar de onde podia estudar as pessoas que entravam.
Comeu o hambúrguer e pediu outra cerveja enquanto rabiscava no bloco que trazia sempre no bolso. Mas, como em todos os outros dias, não teve nenhuma ideia coerente.
Saiu do bar apertando a gabardine. Começou a fazer o caminho para casa e passado fim de 10 minutos cruzou-se com uma jovem.
Continuou sem a princípio se aperceber que tinha dado meia volta e que já se encontrava numa zona da cidade escura e onde os becos se separavam da rua principal de uma maneira louca. A rapariga à sua frente tinha acelarado o passo e ele fez o mesmo.
Reparou que a rapariga olhava diversas vezes para trás e que de cada vez que o fazia acelerava o passo. Ficou surpreso por reparar que mais uma vez que também ele o fazia.
Quando a rapariga o tentou despistar não se admirou de se ouvir dizer as palavras que tantas vezes tinha visto na tela do seu computador.
Voltando a casa, dirigiu-se à casa de banho e depois de um banho sentou-se na secretária e escreveu até ao amanhecer.
Vestiu-se e dirigiu-se ao quiosque da esquina para comprar o jornal como sempre fazia. O velho do quiosque comentou brevemente qualquer coisa acerca de uma ‘pobre coitada’ e depois deu-lhe o troco voltando-se para atender outro cliente.
De novo em casa Harry abriu o jornal e leu o cabeçalho:

“Jovem de 21 anos morta em beco quando voltava do trabalho.
Policia afirma não ter pistas quanto ao autor do crime.”


Um breve sorriso apareceu no seu rosto.
Não ligou o computador durante esse dia.
Ao final da tarde dirigiu-se à paragem de autocarro. Saiu nos arredores da cidade, onde chamou um táxi para o levar até ao lado oposto da cidade, de onde seguiu a pé até encontrar um bar.
Depois de uma refeição saiu do bar e começou a andar pelas ruas.
Já era tarde. Mas era a hora certa para ele.
Era a hora de escrever um novo capítulo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Musas Sobre o Douro

Paulo desceu as escadas que davam para o Solar do Vinho do Porto.
Ao entrar acenou com a cabeça ao empregado que se encontrava atrás do balcão a limpar um copo com um pano branco. Virou à direita e dirigiu-se ao jardim.
A esplanada estava vazia. O dia não estava frio mas estava ligeiramente enublado. Paulo sentou-se numa mesa junto a sebe de maneira a conseguir ver o rio e a marginal de Gaia.
Este era um sitio com uma aura quase mágica. De um dos lados ficavam os jardins do Palácio de Cristal, do outro o Solar propriamente dito, atrás deste o Museu Romantico e à sua frente o Rio Douro.
Era o cenário ideal para escrever. Não tinha uma ideia à semanas e começava a sentir-se mal consigo próprio. Abriu o bloco em cima da mesa e com uma caneta preta escreveu a data e o local no inicio da página como fazia sempre. Assim saberia onde e quando escrevia o quê. Uma mania de escritor pensava sempre que o fazia.
Pousou a caneta e olhou a rio. Os barcos rabelos oscilavam sobre as ondas. Fechou os olhos e respirou fundo tentando sentir o cheiro da água. Deixou-se envadir por pensamentos. O que teria acontecido neste local ao longo dos tempos, o que poderia ter acontecido.
Uma voz disse algo. Abriu os olhos. Uma rapariga loira, vestida com uma saia preta e uma camisa branca e com um avental preto olhava e repetia:
- Que vai tomar? – dizia a rapariga.
- Um Portonic, por favor. – respondeu.
- Certamente. – disse a rapariga voltando-se para o edificio.
Tornou a fechar os olhos e desta vez os seus pensamentos eram mais precisos.
Dois homens frente a frente empunhando florins, um outro ligeiramente afastado servia de arbitro. Estavam vestidos com roupas proprias do seculo XVIII. Uma mulher soluçava na janela. Uma pequena multidão circundava-os espalhada pelo jardim. Sentia-se o cheiro a rio.
Outra.
Pessoas olhavam da sebe em direcção ao rio. Barcos ardiam ao fundo. Sentia-se o cheiro a fuma e a morte no ar. Canhões soavam no ar com uma força explosiva. Dentro do Solar os Nobres discutiam o que fazer. As forças inimigas reuniam-se deste lado do rio ao fim de 5 dias de resistencia pela parte doa portuenses. Tinham destruido a ponte D. João I para evitar a passagem para este lado mas os invasores tinham conseguido de alguma maneira passar e juntavam-se agora aos que tinham passado pela ponte férrea D. Maria.
Uma voz acordou-o dos devaneios.
- O seu Portonic. – disse a rapariga.
- Muito obrigado. – disse olhando-a directmante nos olhos cor de azeitona.
- É escritor? – perguntou.
- Sim sou. – disse. – Porque pergunta?
- Vi-o a escrever. Já tentei escrever também, mas nao consigo. – disse a rapariga ficando com um olhar triste. – Mas tenho muitas ideias. – o seu rosto iluminou-se.
- Eu por acaso não tenho tido muitas. Não tenho conseguido escrever nada.
- Não brinque comigo. Tem quase uma página desse bloco preenchida. – sorriu. – Desculpe, volto já.
Paulo olhou para a página e ficou espantado quando viu uma página quase completa na sua caligrafia. Nunca lhe tinha acontecido escrever sem se aperceber. Bebeu o Portonic e leu o que tinha escrito. Quando acabou franziu a testa e continuou a olhar para o bloco.
- Está assim tão mau? – ouviu a empregada dizer.
Reparou que ela tinha tirado o avental mas que trazia uma bandeja com dois Portonic.
- Não pelo contrário. Acho que nunca escrevi nada tão bom.
- Ainda bem. Estou na minha pausa importa-se que lhe faça companhia?
- Claro que não. Esteja à vontade
Ela sentou-se em frente a ele. Cruzou as pernas e soltou o cabelo. Ao faze-lo o seu corpo arqueou e ele conseguiu perceber o formato do seu corpo. Tinha o corpo de uma escultura grega.
- Trouxe-lhe um Portonic. Este tempo faz-me lembrar a minha casa. Até o cheiro no ar é parecido.
- A sério? – disse Paulo depois de agradecer a bebida. – de onde é?
- Da Grécia. Atenas para ser exacta. Vim para cá a tanto tempo que é como se este fosse o meu país mas nunca será a minha casa. E por favor não me trate por você.
- Só se também não o fizeres. – disse com um sorriso trocista. – Chamo-me Paulo.
- Muito prazer Paulo. O meu nome é Callie. É verdade que não conseguias escrever? Pareceste admirado quando te disse que tinhas escrito no teu bloco.
- Sim. Já não escrevia a algum tempo. – disse baixando o olhar reparando que tinha a caneta na mão.
De alguma maneira tinha escrito mais enquanto falava.
- Parece que já não tens esse problema.
- Parece que encontrei uma musa. Obrigado.
Ela sorriu e fez uma pequena vénia com a cabeça.
- Bem, Callie. – continuou. – Porque vieste para Portugal?
- Os meus pais mandaram-me. A mim e às minhas irmãs. Não para Portugal especificamente. Para o mundo. Tinha que ser. Não nos podiam manter na Grécia. Era como prender um passaro numa gaiola.
- Então tens irmãs?
- Sim. Ao todo somos nove já contando comigo.
- Grande gaiola que devia ser. – disse sorrindo. Ela riu.
- Sim mas tinhamos que sair da Grécia.
- E ainda tens contacto com elas?
- Sim. – o seu sorriso ficou triste. – ainda nos vemoz de vez em quando. Mas somos todas diferentes. Cada uma com o seu interesse. Eu, por exemplo, adoro livros e escrita e grandes épicos. Já a minha irmã Mel gosta mais de música e todo o que envolva sonoridade. Às vezes os interesses cruzam-se mas só às vezes e a maior parte do tempo somos só nós.
Algo na maneira dela falar fez as ultimas palavras parecerem referir-se a ele e ela. A maneira como ela tinha dito “só nós”.
Continuo a escrever. Pensou ele.
- Tenho que voltar ao trabalho. Gostei muito de conversar contigo. – como era atraente o sorriso dela.
- Eu também. Será que...– a sua voz parecia falhar. – Será que te posso convidar para jantar?
- Adorava. Esperas que saia?
- Claro.
Enquanto esperava as ideias não paravam. Se continuasse assim teria material para o resto da vida. Eram ideias dignas dos clássicos gregos. Histórias de heróis que sobrepunham todos os obstaculos. Algures na sua mente algo murmurava “O Senhor dos Anéis português”.
Escreveu quase as oitenta páginas do seu bloco entre meias ideias e capitulos inteiros. Quando Callie saiu levou-a a jantar ao Itamé, um restaurante japonês em Miguel Bombarda.
- Já estive no Japão. – disse ela enquanto se debatia com os pauzinhos. – Mas não experimentei a comida.
Depois do jantar e a medo ele fez a pergunta.
- Queres ir a minha casa?
- Claro. Pensei que não perguntavas.
E ao mesmo tempo disseram
- Não costumo fazer isto. – e riram juntos
Adormeceram abraçados com o brilho da lua a entrar pela janela do quarto.
Quando acordou de manha e não a viu pensou se teria sido tudo um sonho.
Virou-se e sentiu o cheiro do cabelo dela na almofada. Um cheiro a flores, mel e baunilha.
Estava um envelope pousado na almofada com “Paulo” escrito numa caligarfia antiga e perfeita.
Abriu-o sentindo-se como uma criança no dia de Natal.
Tinha apenas duas linhas escritas.
Nunca te esquecerei.
E tu terás-me sempre na tua escrita. Sempre.
E a assinatura em que ele nao queria acreditar.
A tua musa
Calliope.
Dirigiu-se até à sua mesa de trabalho e abrindo o seu bloco escreveu até a noite cair.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Juventude Perdida

Aquela imagem vai acompanhar-me para sempre.

Era apenas um rapaz quando a vi. Era o dia do meu décimo aniversário e o dia em que a minha vida mudou para sempre.
Não sabia quem ela era. Não exactamente. Já a tinha visto várias vezes na cidade mas não sabia o nome dela. Sabia apenas que ela era a rapariga mais bonita da cidade.
Não que naquela altura eu estivesse interessado em raparigas. Sabia-o dentro de mim, que aquela rapariga, que devia ter pelo menos mais 6 anos que eu, era o ideal de beleza que existia dentro da minha cabeça.
Ou então, como anos mais tarde vim a pensar, talvez o ideal de beleza que criei e possuo se tenha baseado nela.
Mas não precisam de acreditar em mim. Eis como ela era na primeira vez que a vi.

Estava com a minha mãe na loja central da cidade para fazermos as compras para os próximos dias. Devo dizer que a nossa casa era isolada da cidade, ficando no topo de uma colina que se elevava a norte da cidade, e embora não vivêssemos isolados eram poucas as vezes que vínhamos à cidade. Normalmente ficava a brincar com as outras crianças cá fora mas naquele dia não havia ninguém com quem brincar por isso entrei na loja.
E lá estava ela.
O cabelo preto caía-lhe numa trança ao longo das costas, o vestido azul esvoaçava sempre que ela se mexia, os seios, em que só reparei anos mais tarde quando revi estas memórias, moviam-se com cada respiração, os olhos verdes brilhavam com vida e juventude. Mas o que mais ficou na memória, o que me faz acordar à noite ainda hoje, foi o seu riso. Um riso jovial e alegre.
Nesse dia reparei nela, como reparava em todas as outras pessoas. Da maneira que qualquer rapaz, na altura com nove anos, repara.
A próxima vez que a vi ela falou comigo embora eu não tenha sido capaz de dizer nada. Tinha estado a brincar e ao tentar seguir as outras crianças a saltar um muro caí e estava sentado na beira do passeio a chorar. Tinha o joelho esfolado e a sangrar. O choro não era de dor física mas sim de vergonha por não ter conseguido seguir as outras crianças. Ela chegou ao pé de mim e ajoelhou-se. A sua voz era suave e conseguia sentir o cheiro do seu cabelo no vento.
“Que se passa, meu querido?” foram as primeiras palavras que ela me disse. Eu não consegui responder.
“Tens um golpe feio no joelho. Deixa-me ver.” E com um lenço que tirou da manga do vestido limpou-me o joelho, tornando-o a guardar. Depois desatou a fita que trazia no cabelo e atou-a á volta da ferida.
“Agora já está protegida. Não chores mais.” Deu-me um beijo na cara e seguiu o seu caminho.
Ainda tenho a fita que ela atou no meu joelho e ainda sinto o cheiro do seu cabelo nela.
Depois disso vi-a mais vezes e sorria-lhe sempre e ela sorria de volta, se calhar sem saber quem eu era. Aproveitava todas as oportunidades que tinha para ir à cidade só pela possibilidade de a ver.

A última vez que a vi, no dia do meu décimo aniversário, o sorriso tinha abandonado os seus lábios. E embora não soubesse bem o que pensar sabia que nunca mais o veria a não ser na minha memória.
Estava a sair da cidade, era um dos raros dias em que não a tinha visto, mas também tinha passado o dia todo a brincar nos celeiros com os filhos do nosso capataz.
Ao seguir o caminho que saía da cidade em direcção á colina vi ao longe algo a baloiçar numa árvore, um enfeite, pensei, adiantado para o festival das colheitas que estava a aproximar-se.
Só quando me aproximei é que me apercebi que se tratava de uma pessoa. Uma mulher, para ser mais preciso. Uma mulher enforcada. O vestido preto agitava-se ao vento, assim como o corpo que baloiçava suavemente. Só quando dobrei a curva da estrada é que vi quem era.
O vestido tinha sido rasgado à frente e os seios estavam retalhados. O cabelo preto voava em todas as direcções e só permitia ver a sua face por breves momentos antes de esta ser envolta no mar negro que era o seu cabelo. Nesse breves instantes vi, e ficará para sempre na minha memória, que o seu sorriso tinha abandonado os seus lábios carnudos, que a luz tinha abandonado os seus olhos verdes.

Durante anos fiquei sem saber a razão que tinha levado as pessoas da cidade a enforcar a rapariga. Só passado cerca de dez anos, enquanto bebia numa taberna com um amigo, comentei o que tinha visto há tanto tempo atrás e soube o porquê.
A rapariga não tinha despertado admiração só em mim. Mas enquanto eu a adorava como um católico adora um santo, outros tinham uma adoração mais física. E foi quando ela recusou os avanços de um desses admiradores, por sinal um homem poderoso na cidade, que ele fez queixa dela por práticas ocultas. Mais, disse, e jurou por Deus, um Deus que eu hoje abomino pelo que Este permite aos seus seguidores fazer, ela o tinha tentado com o corpo para que este fizesse parte de um ritual com ela. Arranjou testemunhas, outros homens a quem os avanços também tinham sido recusados, que disseram que também eles tinham sido tentados mas que nunca tinham dito nada com medo de represálias ‘pelos poderes da escuridão’. O meu amigo, vim a descobrir era filho de um desses homens, que deixou uma carta para o seu filho a contar que não podia viver com a morte de uma rapariga inocente antes de se ter suicidado. O meu amigo nunca disse nada a ninguém porque sabia que um dia a pessoa certa a quem contar chegaria.
Nessa mesma noite matei o homem que falsamente acusou a rapariga. Segui-o até a uma casa na zona pobre da cidade. Quando ele saiu esfaqueei-o sete vezes. Nas semanas seguintes matei todos os que tinham testemunhado contra o que vim a pensar como sendo o meu primeiro amor. Todos se arrependeram no final mas só a morte lhes poderia trazer o perdão necessário.

Hoje escrevo isto não por necessitar de perdão, não preciso. Não me arrependo de nada do que fiz. Aqueles homens mereciam morrer. Amanhã é o dia do meu vigésimo segundo aniversário. Amanhã é o dia em que morrerei. Serei enforcado, como ela. Como ultimo desejo pedi para ser eu a escolher o sítio. Pedi para me enforcarem numa árvore à saída da cidade, no caminho que dá para a casa abandonada na colina onde antes vivi. A mesma arvore na qual ela morreu. Terei a fita dela comigo. Sei que o ultimo cheiro que vou sentir será o do cabelo dela, quem sabe sentirei o cabelo dela no vento a bater no meu rosto. Sei que a última face que vou ver vai ser a dela e sei, nunca soube de nada com tanta certeza, que estará a sorrir e que o riso dela vai ser a ultima coisa que vou ouvir.

Imagem por Bill Wrightson - 'Frankenstein' Collection

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Back to the Present

Boa noite a todos. ´

Sei que durante muito tempo estive ausente deste espaço.
Agora que a minha mente se encontra de novo no local certo, melhor, agora que se encontra de novo perdida no meio de devaneios de outros mundos e realidades, prometo voltar a fazer os possiveis para vos passar estas histórias e mensagens que me passeiam na cabeça.

Agradeço a todos os que me apoiaram e os que nunca me deixaram desistir.
Vocês sabem quem são.

Até breve.

Até lá, mantenham-se Sob o Feitiço da Lua...